R.B. 30/MAR/16 "Uma ótima saída para a crise"


"Uma ótima saída para a crise"

 

São Paulo, 30 de março de 2016 (QUARTA-FEIRA).


Mercados e Economia:

 

Hoje (1) a BOVESPA deve cair, realizando lucros recentes, diante da constatação de que o processo de impeachment da presidenta Dilma será lento e, apesar de totalmente necessário, causará impactos bastante negativos na economia e na estabilidade política do país e (2) o DÓLAR pode subir, acompanhando a provável piora do "humor" na bolsa brasileira e pressionado pela manutenção dos leilões de compra do BC.

 

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA subiu 0,6%, após um pregão composto por altos e baixos, com mínima de -0,9% e máxima de 1,8%, fechou o dia acompanhando a valorização das bolsas de NY e ainda comemorando a confirmação da saída do PMDB da base aliada e (2) o DÓLAR subiu 0,3% à R$ 3,64, influenciado pela valorização internacional da moeda norte-americana, diante do aumento das "apostas" de alta dos juros nos EUA, e pelos leilões de compra do BC.

 

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão –0,2%, pressionada por ações que deixaram de pagar dividendos referentes ao ano fiscal que se encerra neste mês, como Astellas Pharma (-3,1%) e NTT DoCoMo (-2,1%) e China –1,3%, diante de preocupações com o avanço recente da inflação no país, que pode levar Pequim a conter o relaxamento de sua política monetária, (2) da EUROPA, retornando aos trabalhos após 4 dias de feriado, Inglaterra 0,1%, França 0,8% e Alemanha 0,4%, sustentadas pela divulgação de boas noticias corporativas, como a Veolia Environnement, que subiu 2,8% após ter sua "nota" elevada pelo pelo banco RBC e a Telefônica, que avançou 1,5% após seu presidente anunciar que vai renunciar ao cargo e (3) dos EUA, recuperando as perdas da abertura, para o S&P e o DJ fecharem nos maiores patamares do ano, S&P 0,9%, DJ 0,6% e NASDAQ 1,7%, "animadas" com o aguardado pronunciamento de Janet Yellen, a presidente do Fed ("BC" local), que disse que as incertezas sobre a economia global justificam um ritmo mais lento para as elevações da taxa de juros do país.

 

Coberto de razão, Roberto Azevêdo, diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, afirmou ontem, logo após se reunir com a presidenta Dilma, que quanto mais rápido o Brasil conseguir enfrentar a sua crise política e conseguir "sair desse momento de turbulência" melhor será para a retomada do crescimento da economia brasileira.

 

Confessando, de forma vergonhosa, que as medidas são contraditórias, Nelson Barbosa, ministro da Fazenda, afirmou ontem, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, que o maior desafio econômico do governo é o reequilíbrio fiscal, mas ressaltou também que o país depende de medidas de estabilização no curto prazo, o que exige mais gastos.

 

Afundando o país em um atoleiro que será muito difícil e custoso de sair, em FEV/16 as despesas do governo federal com custeio da máquina, salários, benefícios, programas sociais e investimentos superaram em R$ 25bi as receitas, o que representa o pior resultado para o seguindo mês do ano desde 1997, quando começou esta série histórica, e eleva o rombo das contas publicas acumulado nos últimos 12 meses para estratosféricos R$ –128bi.

 

Confirmando que a agenda de um eventual governo peemedebista manterá o país no atual atoleiro ético e econômico em que já está, segundo Moreira Franco, um dos principais aliados do vice Michel Temer, o PMDB "está à esquerda" na área social e manterá os benefícios que estão em vigor, como o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida e o Pro-Uni.

 

Influenciado pela crescente retração da atividade econômica tupiniquim e pela perspectiva de que o futuro será pior que o presente, em FEV/16 o saldo de crédito do país recuou, em termos reais (quando é descontado a inflação no período),  -4,6% na comparação com FEV/15.

 

99% por culpa da falta de educação financeira do consumidor brasileiro e 1% por conta do elevado patamar da inadimplência e da Selic, em FEV/16 a taxa de juros do cheque especial fechou em 293,9% ao ano e em 447,5% no cartão de crédito, o que representam os maiores patamares desde o início do plano real, em JUL/94.

 

Turbinado e inflacionado principalmente pelo dinheiro das estatais, que fazem anúncios desnecessários em troca de uma linha editorial menos desfavorável ao governo, em 2015 a compra de espaço publicitário em veículos de comunicação (jornais, revistas, internet e redes de TV) atingiu o recorde histórico de R$ 35,1bi.


Política:
 
Comprando apoio com verba publica, o que obviamente vai gerar mais corrupção e mais desperdício de recursos, o governo Dilma, sob crescente pressão política, editou ontem uma edição extra do "Diário Oficial" da União para apressar a liberação de verbas orçamentárias, incluindo projetos de interesse de deputados e senadores.

 

Ontem, logo após a oficialização da saída do PMDB da base aliada, líderes dos partidos que ainda estão com o governo já reclamavam publicamente que o Planalto age lentamente diante da crise, demorando muito para oferecer cargos em troca de votos que possam barrar o  impeachment.

 

Podendo ser "uma ótima saída para a crise" e ao mesmo tempo dando um golpe fatal em Michel Temer, interlocutores do governo e membros da equipe presidencial, copiando a ideia já apresentada pelo Senador do DEM Ronaldo Caiado, já estão discutindo a convocação de eleições gerais no âmbito federal (para presidente, deputados e senadores), porem ninguém ainda teve coragem de levar esta proposta para Dilma.

 

"Sem nenhuma noção da falta de credibilidade que tem", na segunda-feira, ao saber que a Fiesp publicaria um anúncio apoiando o impeachment, a presidenta Dilma telefonou pessoalmente a líderes empresariais e pediu para que tentassem convencer Paulo Skaf a recuar, obviamente sem sucesso.

 

Falastrão, Jaques Wagner, o ministro-chefe do gabinete pessoal da presidenta, afirmou que a decisão do PMDB de sair do governo chega em boa hora, pois oferece à Dilma uma ótima oportunidade de repactuar o seu governo e garantir governabilidade até o fim do seu mandato.

 

-    Refúgio de bandidos históricos como Paulo Maluf, o PP, hoje com mais de 50 deputados, avisou que deve decidir nas próximas semanas se permanecerá na base aliada, porem ressaltou que na vai agir a reboque do PMDB.

-    Jogando no lixo o que ainda lhe restava de credibilidade, Nelson Barbosa, ministro da Fazenda, afirmou ontem que, ainda esta semana, irá compor a defesa da presidenta Dilma na comissão que analisa o pedido de impeachment contra ela.


Crítica:
 

Já votei na Marina Silva por ela ser "a menos pior", mesmo discordando de muito do que ela fala e faz, mas avalio que ela está correta ao criticar o oportunismo e a falta de vergonha na cara do PMDB de sair do governo agora que "a vaca foi par ao brejo", sem pedir desculpas ou dar alguma justificativa, e o motivo me parece bastante lógico, já que difícil foi sair do PT e largar o cargo de ministra como ela fez em 2008, quando Lula tinha mais de 80% de aprovação.

 

O novo presidente da FIFA está na América do Sul e vai visitar 4 países, porem não vem ao Brasil, já que a CBF está atolada em uma lama de corrupção que só é superada pelo governo Dilma.


PAZ, amor e bons negócios;

Alfredo Sequeira Filho


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