"No país das maravilhas"
São Paulo, 18 de fevereiro de 2016 (QUINTA-FEIRA).
Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA subiu 1,7%, com bom volume de negócios (R$ 19,2bi), acompanhando a trajetória ascendente das principais bolsas mundiais, beneficiada pela valorização das commodities, como o petróleo (7,3%), e desdenhando do novo rebaixamento da "nota" do país pela S&P e (2) o DÓLAR caiu –2,1% à R$ 3,98,a maior baixa diária desde ABR/15, acompanhando a melhora do "humor" na Bovespa e também influenciado pelos leilões de venda do BC.
Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, sem uma tendência única, Japão –1,4%, interrompendo os ganhos recentes, após avançar 7,4% nos 2 últimos pregões, em meio a dúvidas sobre a implementação de um acordo para congelar a produção de petróleo e China 1,1%, revertendo uma abertura negativa, diante da promessa feita pelo governo local de oferecer mais incentivos ao setor industrial, que vem sofrendo com o excesso de capacidade em meio à desaceleração da segunda maior economia do mundo, (2) da EUROPA, Inglaterra 2,9%, França 3,0% e Alemanha 2,6%, com destaques de alta para as ações de energia e mineradoras, beneficiadas pela valorização das commodities, e dos bancos, que estão se recuperando após o forte tombo da semana passada e (3) dos EUA, em alta pela terceira sessão seguida, S&P 1,6%, DJ 1,6% e NASDAQ 2,2%, beneficiadas pelos mesmos motivos que impulsionaram as bolsas da Europa e também animadas pela divulgação da ata da ultima reunião do Fed ("BC" local) indicando que a alta dos juros no país será mais lenta do que o esperado e que a referida autoridade monetária será mais "solidária e consciente" com a desaceleração dos mercados emergentes.
Coberta de razão, ontem, apenas 5 meses após retirar o selo de bom pagador do Brasil, a agência de classificação de risco S&P voltou a cortar a nota de crédito do país, alegando que a decisão, que já era esperada por economistas, ocorreu por conta (1) da dificuldade do governo em acertar suas contas, (2) do descontrole da inflação, (3) da piora da recessão econômica, (4) da crise política e (5) da falta de compromisso do governo com a meta fiscal.
Com o novo rebaixamento da "nota" do Brasil pela S&P, cada dia mais economistas "apostam" que (1) o dólar fechará este ano de 2016 próximo dos R$ 5,00, pressionando ainda mais a inflação, e (2) a agência Moody's, que é a única que ainda não mudou a nota brasileira desde o início da crise de confiança do governo, deve rebaixar ainda no primeiro trimestre deste ano.
Vivendo, junto com a presidenta Dilma, "no país das maravilhas", ontem Nelson Barbosa, ministro da Fazenda, afirmou que o novo rebaixamento da "nota" do Brasil pela S&P é temporário e será revertido tão logo os resultados das medidas em andamento, como a implementação da CMPF, comecem a produzir efeitos.
Dando mais um triste e desanimador sinal negativo da economia brasileira, em DEZ/15 o setor de serviços, que é o que mais emprega no país, encolheu –5,0% na comparação com DEZ/14, com destaque negativo para as perdas registradas na atividade de transportes que, diante da fraqueza da indústria, recuou –11,5% na mesma base de comparação.
Desinflando a bolha rapidamente, no acumulado dos últimos 12 meses o valor dos contratos de locação residencial na cidade de SP, sem contar a inflação de exatos 10,96% pelo IGP-M no período, caiu 3,2%, o que representa a maior retração desde o início da série histórica, em JAN/04.
Tentando arrumar a lambança feita pelo governo Dilma, ontem o Supremo Tribunal Federal concedeu liminar que, na prática, livra as micro e pequenas empresas das mudanças nas regras de cobrança de ICMS no comércio eletrônico, que exige que o empresário, após cada venda para fora de seu Estado, calcule o valor do imposto devido aos Estados de origem e de destino imediatamente, emita uma guia de pagamento para cada um pela internet e pague cada uma antes de enviar o produto.
- A Eletropaulo subiu 14,0%, após o anúncio de que seu presidente deixará a empresa, que a empresa está à venda e que já existem dois possíveis compradores, um grupo chinês e um brasileiro.
- A Usiminas subiu 6,4%, porem ontem, após o fechamento do pregão, foi anunciado que um antigo conflito entre a Nippon Steel e a Ternium, sócios controladores da empresa, travou a esperada injeção de capital na referida siderúrgica mineira.
Mostrando que o "fogo amigo" será o principal obstáculo para o governo Dilma fazer a reforma da previdência, líderes de centrais sindicais já disseram serem contra qualquer mudança no setor e defenderam que o momento é para decidir medidas para retomada do crescimento e aumento do emprego.
Preocupando muitos petistas, ontem o Supremo Tribunal Federal que a prisão de condenados deve ocorrer depois que a sentença for confirmada em um julgamento de segunda instância, ou seja, antes de se esgotarem todos os recursos possíveis da defesa.
Confirmando que até no gosto por amantes feitas Lula e FHC são parecidos, ontem foi revelado que a Brasif S.A. Exportação e Importação ajudou o referido ex-presidente tucano a enviar ao exterior recursos para a jornalista Mirian Dutra, com quem ele manteve um relacionamento extraconjugal nos anos 1980 e 1990, e para o filho dela, Tomás Dutra.
Apesar de perder para o governo, aliados de Eduardo Cunha dizem que, além de contar com os 30 deputados que votaram em Motta para patrocinar chapas avulsas nas comissões, o referido presidente da Casa exerce influência poderosa sobre as bancadas de PP, PR, PTB e PSC.
Mostrando que o dia de Eduardo Cunha não foi tão ruim assim, ontem, com a apresentação pela terceira vez de parecer pela admissibilidade do processo de cassação do referido presidente da Câmara, o Conselho de Ética concedeu vistas do relatório e adiou novamente, desta vez para a próxima semana, a votação da continuidade do processo.
- Alckmin, o tucano mais petista que existe, tem atualmente um secretário de gabinete com a alcunha de Moita, que por sua vez é investigado por roubar dinheiro da merenda de crianças de escolas estaduais.
- Provando como é "urgente" a aprovação da CPMF, ontem foi revelado que a presidenta Dilma torra exatos R$ 3.125,00 dos cofres públicos apenas com cabelo e maquiagem cada vez que vai fazer um novo discurso.
Após 165 dias de paralisação, nos quais 2,2 milhões de atendimentos não foram feitos, o governo e os médicos peritos do INSS chegaram a um acordo que colocou fim a greve diante de um reajuste salarial de 27,9%, de reposição do trabalho atrasado em 6 meses e da devolução por parte do governo dos valores descontados dos servidores.
Alfredo Sequeira Filho
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