R.B. 8/ABR/15 "Mais uma lambança política"


R.B.

"Mais uma lambança política"

 

São Paulo, 8 de abril de 2015 (QUARTA-FEIRA).


Mercados e Economia:

 

Hoje (1) a BOVESPA deve cair, devolvendo uma pequena parte da alta acumulada no ano (7,4%) e no mês (5,0%), influenciada pela divulgação de novos sinais negativos da economia brasileira e (2) o DÓLAR pode subir, em um ''ajuste técnico'' após 6 pregões seguidos de queda, nos quais recuou -3,5%, acompanhando a esperada piora do "humor" na Bovespa.

 

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA -0,1%, devolvendo os ganhos da abertura, quando na máxima avançou 0,5%, para fechar o dia próxima da estabilidade, em um movimento de ajuste após avançar por 3 pregões seguidos e acumular ganhos de 5,1%neste período, influenciada negativamente pelo recuo das bolsas de NY e por mais uma ''lambança política'' da presidenta Dilma e (2) o DÓLAR caiu -0,1% à R$ 3,12, para fechar o dia no menor patamar desde 10/MAR/15, porem com baixa volatilidade e poucos negócios diante das expectativas para os desdobramentos de negociações no Congresso e para a divulgação da ata do FED (''Copom'' dos EUA).

 

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão 1,2% e China 2,5%, acompanhando o fechamento positivo das bolsas de NY no dia anterior, com destaques de alta para as exportadoras e impulsionadas por ''rumores'' de que o governo chinês lançará mais um pacote de estímulos econômicos, (2) da EUROPA, Inglaterra 1,9%, França 1,5% e Alemanha 1,3%, impulsionadas por dados positivos da zona do euro e por avanços das negociações com a Grécia e com destaques de alta para as ações das petrolíferas, como Shell (3,9%) e BP (2,7%), diante da valorização internacional do petróleo e (3) dos EUA, devolvendo os ganhos da abertura, S&P -0,2%, DJ -0,1% e NASDAQ -0,1%, realizando lucros após 2 pregões seguidos de alta, em um movimento de cautela antes da divulgação da ata do FED (''Copom'' local), e com destaque de queda para as ações da General Motors (-2,5%), após o governo do Canadá anunciar que está vendendo sua participação na empresa.

 

Apresentando novos sinais negativos da economia brasileira, (1) segundo previsões da associação nacional das montadoras, em 2015 a produção de veículos leves e pesados deverá ser -10% menor que em 2014 e (2) em FEV/15 a produção da indústria de SP, principal polo industrial do país, foi –8,5% menor que em FEV/14.

 

Segundo uma alerta divulgado ontem pelo FMI, a maioria das principais economias do planeta deveria se preparar para um período prolongado de crescimento mais baixo, o que pode dificultar para governos e companhias a tarefa de reduzir seu nível de endividamento.

 

Entregando um rendimento abaixo da inflação, sofrendo concorrência de outras aplicações bem mais rentáveis (como os títulos públicos, as LCAs e as LCIs) e prejudicada pela forte queda da renda do trabalhador, em MAR/15 a caderneta de poupança perdeu recursos pelo terceiro mês seguido, já que no terceiro mês de 2015 os saques superaram os depósitos em R$ 11,4bi, o que representa o pior resultado para o mês desde o início da série histórica do BC, em 1995.

 

Ajudando a pressionar ainda mais a inflação, que aliás já estourou o teto da meta do BC (6,5%), ontem a Agência Nacional de Energia Elétrica aprovou o reajuste das tarifas de quatro distribuidoras de energia e a correção nos valores cobrados por outras sete empresas em valores que vão de 2,22% a até 31,66%.

 

Mostrando que, mesmo diante das receitas baixas no preço do petróleo, o setor petrolífero, quando bem administrado, é bastante promissor e lucrativo, ontem a empresa petrolífera anglo-holandesa Royal Dutch Shell apresentou uma proposta de compra da britânica BG Group por cerca de US$ 70bi.

 

-    A Vale subiu 4,8%, beneficiada pelo respiro na trajetória de queda do preço do minério de ferro, pelo fluxo positivo de recursos estrangeiros e pelos ''rumores'' de que a China lançará novas medidas de estimulo econômico.

-    A Petrobras subiu 1,9% e, após o fechamento do pregão, a empresa holandesa SBM, que confessou ter pago propina para obter contratos no Brasil e na África, anunciou que aceitou indenizar a referida estatal em US$ 1,7bi.


Política:
 
Cometendo ''mais uma lambança política'' e provando mais uma vez que é totalmente despreparada para o cargo que ocupa, a presidenta Dilma, sem fazer uma consulta prévia, convidou o peemedebista Eliseu Padilha, ministro da Aviação Civil, para assumir a Secretaria de Relações Institucionais no lugar do petista Pepe Vargas, porem este convite foi publicamente negado pelo referido ministro e, para piorar ainda mais as coisas, no final do dia foi anunciado pelo Palácio do Planalto que a articulação política do governo ficará com o vice-presidente Michel Temer.

 

Comandada de perto por Lula, ontem a CUT fez protestos pelo país contra o projeto que regulamenta a terceirização e ressaltou que pretende realizar uma greve geral no Brasil a partir da semana que vem caso o texto seja votado e aprovado pelos parlamentares.

 

Contrariando a opinião de cerca de 80% da população brasileira, algo que já seria perigoso em um governo com aprovação popular, a presidenta Dilma, cuja moral está mais baixa que bumbum de cobra, decidiu assumir publicamente sua posição contrária à proposta de redução da maioridade penal, de 18 para 16 anos, que está em discussão no Congresso.

 

Começando a se aproximar da maior caixa preta dos governos Lula e Dilma, ontem, com o apoio de 28 senadores, a oposição pediu a criação de uma CPI no Senado para investigar empréstimos concedidos pelo BNDES a entidades privadas ou governos estrangeiros, como o de Cuba e o da Venezuela.

 

Enfraquecendo ainda mais a base aliada, ontem o DEM, principal crítico do governo federal, aprovou em sua Executiva Nacional, por 21 votos a 4, o inicio do processo de fusão do partido com o PTB, que em tese integra o governo da presidenta Dilma com o ministro Armando Monteiro Neto, que comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

 

Rindo à toa, caciques do PMDB relatavam ontem que o pedido de Dilma para que Temer assumisse a articulação com o Congresso foi um "apelo dramático", que a presidenta teria indicado não ter outras soluções e que agora "é tudo ou nada".


Crítica:
 
Dando uma "boa desculpa para o impeachment" da presidenta Dilma, segundo um relatório do procurador Julio Marcelo de Oliveira, do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, as manobras fiscais realizadas pelo Tesouro Nacional com bancos públicos federais, conhecidas com 'pedaladas', foram consideradas crime e os responsáveis devem ser investigados, já que descumpriram o artigo da Lei de Responsabilidade Fiscal que proíbe que bancos emprestem dinheiro a seus controladores.

PAZ, amor e bons negócios;

Alfredo Sequeira Filho


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