R.B. 2/FEV/15 "Geração de vagabundos"


R.B.

"Geração de vagabundos"

 

São Paulo, 2 de fevereiro de 2015 (SEGUNDA-FEIRA).


Mercados e Economia:

 

Hoje (1) a BOVESPA deve seguir em queda, acompanhando as perdas das principais bolsas mundiais e as perspectivas negativas para a economia brasileira, mesmo após recuar –6,2% em JAN/15 e fechar o pregão anterior no menor patamar desde 19/MAR/14 (aos 46.907pts) e (2) o DÓLAR pode seguir em alta, mesmo após fechar o pregão de sexta-feira passada com a maior valorização diária desde 23/NOV/11, acompanhando os mesmos motivos que devem derrubar a Bovespa.

 

Sexta-feira, no BRASIL, (1) a BOVESPA caiu –1,8%, prejudicada pelo rebaixamento da "nota" da Petrobras pela Moody's, que derrubou as ações da estatal em –5,8% e somou-se aos dados ruins das contas públicas e aos receios com um possível racionamento de energia e água no país e (2) o DÓLAR subiu 2,9% à R$ 2,68, influenciado por uma bateria de notícias negativas, tanto no Brasil quanto no exterior, e por uma declaração de Joaquim Levy, ministro brasileiro da Fazenda, favorável a um câmbio mais livre para oscilar.

 

Também sexta-feira, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, sem uma tendência única, Japão 0,4%, sustentada por balanços positivos de empresas como da Advantest (9,3%) e da Nomura Holdings (1,5%) e China –1,6%, prejudicada pelos "temores" de que a comissão reguladora deve encontrar novos indícios de irregularidades nas corretoras, (2) da EUROPA, Inglaterra –0,9%, França –0,6% e Alemanha –0,4%, repercutindo negativamente os dados ruins sobre a inflação na região, que em JAN/15 indicaram a maior deflação desde JUL/09 (-0,6%) e (3) dos EUA, S&P –1,3%, DJ –1,5% e NASDAQ –1,0%, prejudicadas principalmente pela desaceleração do PIB do país, que cresceu a uma taxa anualizada de 2,6% no quatro trimestre de 2014, patamar abaixo das expectativas dos analistas, que esperavam um crescimento de 3,2%.

 

Destinados a alavancar investimentos ou a proteger o investidor da variação futura do câmbio ou do preço de ações, as negociações com minicontratos de dólar e de índice futuro aumentaram respectivamente 191% e 42% na BM&F em 2014 na comparação com 2013.

 

Aumentando o risco de apagão no Brasil, a Usina de Belo Monte, que é a maior hidrelétrica em construção no país, que pode ampliar em 8% a capacidade do combalido sistema elétrico nacional, que já custou R$ 28,9bi e cujos trabalhos estão bem atrasados, tem agora apenas 2 meses para completar a remoção de milhares de famílias que moram em palafitas que estão na região que será alagada pela sua represa.

 

Apesar de correto, o ajuste que a nova equipe econômica brasileira está começando a fazer, além de ser contra os princípios da maioria dos petistas, coincidirá com um período de inflação mais alta e crescimento negativo, o que pode levar a presidenta Dilma a retirar o respaldo que tem dado a Joaquim Levy, já que no futuro será mais fácil culpá-lo por essa desagradável combinação.

 

Confirmando a enorme incapacidade gerencial do governo Dilma, em 2014 Estados e empresas estatais registraram déficit expressivos em suas contas, respectivamente de R$ -13,3bi e R$ -4,3bi, contribuindo para aprofundar o buraco do setor público, que fechou o ano passado em R$ -32,5bi, o que representa o primeiro resultado negativo registrado pelo BC na série histórica iniciada em 2001.

 

Como fruto do aumento das ciclovias em SP, dos 183 km atuais aos 400 km prometidos pelo prefeito Haddad para até o fim do ano, vem crescendo a cultura do uso da bicicleta e consequentemente a procura por serviços de manutenção e comercialização de acessórios.

 

Repassando para a iniciativa privada o custo de sua incompetência, Eduardo Braga, ministro de Minas e Energia, afirmou ontem que o governo quer que indústrias capazes de produzir sua própria energia e estabelecimentos como shopping centers acionem seus equipamentos de geração durante o horário de pico de consumo para dar suporte ao sistema elétrico.

 

Certamente trazendo mais problemas para a economia brasileira, foi divulgado este final de semana que em JAN/15 o setor industrial da China inesperadamente encolheu, já que o Índice de Gerentes de Compras oficial do país caiu para 49,8pts, o que representa o nível mais baixo desde SET/12.

 

Já se antecipando à piora da saúde financeira da Petrobras, na comparação entre OUT/13 e OUT/14, quando já eram constantes as denúncias de corrupção envolvendo a estatal, os chamados investidores institucionais, como fundos e empresas de investimento, reduziram em -58% o volume aplicado em papéis da empresa, de R$ 7,4bi para R$ 3,1bi.

 

Recuperando uma parte das quedas recentes, o preço do petróleo nos EUA fechou em alta de mais de 8% na sexta-feira passada, o que representa o maior avanço diário em 2,5 anos, depois que dados mostraram uma redução das atividades de perfuração de poços no país.

 

Depois de aventar a possibilidade de reter dividendos de acionistas diante de sua difícil e vergonhosa situação financeira, a Petrobras afirmou na sexta-feira passada que não "há definição" sobre o tema, levantado pelo diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa.


Política:
 
Falando a verdade enquanto o governo Dilma tenta tapar o sol com a peneira, Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura e que foi um dos colaboradores do programa energético da campanha do candidato à presidência Aécio Neves, afirmou que o risco de haver um racionamento de energia no país é de 60%.
 
Representando um enorme problema para o governo Dilma, ontem o peemedebista Eduardo Cunha derrotou, já no primeiro turno e com o apoio de boa parte da oposição, o petista Arlindo Chinaglia e assim se tornou o novo presidente da Câmara dos Deputados.

 

-    Derrotada nas eleições para a presidência da Câmara, Dilma sabe que agora terá de presentear ainda mais os partidos aliados com cargos de segundo e terceiro escalões para amenizar o impacto da vitória do peemedebista Eduardo Cunha.

 

O PT ficou furioso especialmente com PP e PRB, que têm ministérios, mas aderiram formalmente a campanha de Eduardo Cunha, por isto agora os caciques petistas querem que eles percam espaço no governo, na contramão do que o Planalto deve fazer.

 

Governistas e oposicionistas preveem que o Planalto terá dificuldade também no Senado, que reconduziu o peemedebista Renan Calheiros para a presidência, já que os 31 votos do peemedebista Luiz Henrique revelaram a formação de um bloco disposto a barrar iniciativas de Dilma na Casa.

 

Apesar de ter a maior bancada da Câmara, o PT sai enfraquecido da disputa pelo comando da Casa após tentar impor uma derrota ao deputado peemedebista Eduardo Cunha, desafeto do Palácio do Planalto, já que os petistas ficaram sem representantes nos outros dez cargos da Mesa Diretora e sem direito a escolher as três principais comissões.

 

-    A assessoria técnica do PSDB coletou assinaturas de deputados novatos para as CPIs da Petrobras e do setor elétrico e os tucanos querem protocolar os pedidos já nesta segunda-feira.

-    Aumentando as fileiras dos petistas descontentes com a presidenta, ontem, após encerrar seus 24 anos no Senado, Eduardo Suplicy publicou em seu perfil no Facebook uma mensagem de despedida do Congresso com críticas contundentes à Dilma.

 

Também ontem, um dia depois de ter oficialmente encerrado sua vida publica e um ciclo de 24 anos no Senado, o ex-presidente e ex-senador peemedebista José Sarney criticou a decisão da Petrobras de suspender as obras da refinaria Premium 1, no Maranhão, ressaltando que a atitude do governo Dilma foi uma demonstração de "discriminação, desprezo, ingratidão e injustiça".


Crítica:

 

Confirmando que os programas assistencialistas do PT estão criando uma "geração de vagabundos", segundo dados oficiais do IBGE referentes às seis maiores regiões metropolitanas do país, a proporção das pessoas que não trabalham nem procuram emprego cresceu de 43% em 2010 para 44,3% em 2014, o que obviamente explica a queda das taxas de desemprego no período.


PAZ, amor e bons negócios;

Alfredo Sequeira Filho


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