R.B.
"Profetas do caos"
São Paulo, 5 de maio de 2011 (QUINTA-FEIRA).
HOJE
- A BOVESPA deve subir, tentando uma recuperação após 3 pregões consecutivos de queda, nos quais recuou -3,8% e aumentou as perdas acumuladas no ano para cerca de -8,0%, influenciada pelos sinais de recuperação das demais bolsas mundiais e pela divulgação de novos balanços positivos de empresas brasileiras.
- O DÓLAR pode cair, retornando à sua ''trajetória natural'' após fechar o pregão anterior com a maior alta diária desde JUN/10, seguindo o fluxo ainda positivo de recursos externos oriundos de exportações, captações e ''investimentos''.
ONTEM
- BOVESPA 1,1%, abriu em alta, para na máxima avançar 0,6%, porem, com bom volume de negócios (R$ 6,7bi), logo perdeu forças e passou a cair ainda na parte da manhã, acompanhando o ''humor negativo'' nas bolsas de NY e o recuo das commodities, para fechar no menor patamar desde JUL/10 (aos 63.615pts).
- DÓLAR 1,0% à R$ 1,60, abriu em queda, para na mínima atingir R$ 1,58, porem passou a subir ainda na parte da manhã, acompanhando a piora do ''humor'' na Bovespa, pressionado pelos leilões de compra do BC e influenciado pelo anuncio de que o fluxo cambial de ABR/11 foi -87% menor que a cifra registrada em MAR/11, o que já mostra o impacto das medidas do governo para restringir a enxurrada de dólares para o país.
- Na ÁSIA, seguindo as perdas de NY no dia anterior, JAPÃO permaneceu fechado por conta de feriado nacional, CHINA -2,3%, prejudicada pelo ressurgimento de temores sobre a política econômica, após o BC local informar que continuará a usar instrumentos de aperto monetário para controlar a inflação e CORÉIA -0,9%, ainda realizando lucros após atingir a máxima histórica na segunda-feira, com destaques de queda para Samsung (-2,5%) e Hyundai Heavy Industries (-4,1%).
- Na EUROPA, temendo uma ''vingança'' dos seguidores de Bin Laden, INGLATERRA 1,6%, FRANÇA 1,3% e ALEMANHA 1,7%, também prejudicadas por dados decepcionantes sobre os empregos e a atividade do setor de serviços dos EUA, por balanços desapontadores e pela queda dos preços das commodities.
- Nos EUA, em queda pelo terceiro pregão consecutivo, S&P 0,7%, DJ 0,7% e NASDAQ 0,5%, realizando lucros principalmente nos setores que tiveram bom desempenho recentemente, como os de energia e industrial, após a divulgação de relatórios mostrando uma desaceleração na atividade do setor de serviços em ABR/11 e uma redução nas contratações do setor privado também em ABR/11.
Economia:
Tentando ajudar Dilma, ontem Lula falou, durante uma palestra cuja platéia era composta principalmente por economistas e agentes do mercado financeiro, que são "profetas do caos" os que crêem na alta da inflação.
Finalmente percebendo que a valorização do real pode ajudar a segurar a inflação, o governo Dilma decidiu aproveitar a cotação do dólar baixo para importar produtos que complementam o consumo interno com preços mais baixo aos consumidores.
Dando novos sinais positivos da economia interna, (1) em ABR/11 o consumo de energia elétrica no Brasil cresceu 5,2% na comparação com igual período em 2010, (2) em ABR/11 as vendas do comércio varejista cresceram 10,9% na comparação com abril de 2010 e (3) o Índice de Confiança de Serviços teve alta de 3,0% entre MAR/11 e ABR/11, atingindo 135,3pts.
Como fruto da queda do desemprego e do aumento da renda da população brasileira, (1) no final de MAR/11 o número de brasileiros com acesso à internet em casa ou no trabalho aumentou 13,9% na comparação com o mesmo período do ano passado e (2) as ações judiciais relacionadas a contratos de locação caíram -35,8% em MAR/11 na capital paulista na comparação com o mesmo mês do ano passado.
Beneficiando os caloteiros e certamente levando ao aumento da taxa de juros, ontem a Comissão de Constituição e Justiça aprovou um projeto que fixa um prazo mínimo de 30 dias, que será contado a partir da data de vencimento para o pagamento da dívida, para que o credor possa inserir o nome do consumidor inadimplente nos serviços de proteção ao crédito.
- A AmBev caiu -0,6%, mesmo após anunciar um lucro líquido de R$ 2,1bi no primeiro trimestre do ano, o que representa um crescimento de 26,6% sobre o ganho apurado um ano antes.
Alfredo Sequeira Filho