R.B.
"Pedir demais ao BC"
São Paulo, 4 de abril de 2011 (SEGUNDA-FEIRA).
HOJE
- A BOVESPA deve voltar a subir, para fechar em alta pelo quinto pregão consecutivo, diante das ''apostas'' de que, como no Brasil a economia segue crescendo e a inflação está voltando ao controle, a Bolsa brasileira está "barata" na comparação com as Bolsas dos demais mercados emergentes.
- O DÓLAR pode cair, cada vez mais próximo dos R$ 1,60, influenciado pelos mesmos motivos que devem levar à valorização da Bovespa, porem atento às sinalizações do BC, que continua ameaçando lançar um pacote cambial.
SEXTA-FEIRA
- BOVESPA 1,0%, já abriu em alta e, acompanhando o desempenho positivo das demais bolsas mundiais e a valorização das commodities, manteve a trajetória ascendente ao longo de todo pregão, para fechar o dia com bom volume de negócios (R$ 6,8bi e aos 69.268pts, o maior patamar desde JAN/11.
- DÓLAR -1,2% à R$ 1,61, já abriu em queda e, mesmo com os fortes leilões de compra do BC, manteve a trajetória descendente ao longo de todo pregão, para fechar no menor patamar em 2,5 anos, diante do ceticismo dos agentes financeiros quanto à possibilidade do governo conter o recuo da moeda norte-americana, num contexto de alta taxa real de juros doméstica e grande liquidez mundial.
- Na ÁSIA, sem uma tendência única, JAPÃO %, com os investidores realizando lucros após os recentes ganhos e diante das preocupações sobre as perspectivas para as empresas, CHINA 1,3%, impulsionadas pelas expectativas de que os bancos irão aumentar o ritmo dos empréstimos, após 2 meses de fraco crescimento e CORÉIA 0,7%, no maior patamar da história, ainda impulsionada pelas compras de investidores estrangeiros e com destaques de alta para empresas de tecnologia, como Samsung Electronics (0,9%) e LG Display (3,1%).
- Na EUROPA, recuperando as perdas do pregão anterior, INGLATERRA 1,7%, FRANÇA 1,6% e ALEMANHA 1,9%, com destaques de alta para as ações de bancos, como Bank of Ireland (41,0%), Deutsche Bank (3,1%), BNP Paribas (3,6%) e Barclays (4,3%), ''aliviados'' pela divulgação de que não ocorreram surpresas negativas nos testes de estresse de 4 bancos irlandeses no dia anterior.
- Nos EUA, em mais um dia de recuperação, S&P 0,5%, DJ 0,5% e NASDAQ 0,3%, impulsionados por boas novas corporativas e pela boa notícia de que em MAR/11 a taxa de desemprego do país desceu um décimo até se situar em 8,8%, o nível mais baixo em 2 anos.
Economia:
Ressaltando que não se pode "pedir demais ao BC", pois há metas inalcançáveis no curto prazo, Armínio Fraga, ex-presidente do BC, atual sócio da Gávea Investimentos e ainda considerado um ''Papa'' por uma boa parte do mercado financeiro brasileiro, afirmou que as medidas prudenciais devem ser usadas para reduzir o risco de crises financeiras e que a taxa de juros é o instrumento de combate a pressões inflacionárias.
Ajudando e respectivamente dando sinais de controle da inflação, (1) segundo o IBGE a produção industrial brasileira cresceu 1,9% em FEV/11, o que representa a maior expansão desde MAR/10 (3,5%) e (2) no piso das ''apostas do mercado'', o IPC de MAR/11 ficou em 0,35%, depois de ter subido 0,60% em FEV/11.
Indicando que, mesmo com a elevação da taxa básica de juros, continua elevado o nível de otimismo dos empresários brasileiros, segundo Luiza Helena Trajano, presidente do Magazine Luiza, as medidas do governo para conter o consumo não deverão atingir o varejo nem frear os gastos dos consumidores de baixa renda, já que o mercado está aquecido e o endividamento sob controle, o que traz um panorama positivo para o setor.
Ignorando a elevação da Selic e as medidas macropudenciais adotadas pelo governo, nos 3 primeiros meses deste ano as vendas de automóveis, comerciais leves, motos, caminhões e ônibus novos no Brasil subiram 5,88% na comparação com o mesmo período de 2010 e apresentaram o melhor resultado da história para o período (1,263 milhão de unidades vendidas).
Com os ''olhos bem abertos'' às oportunidades que o Brasil apresenta, cada vez mais os empresários chineses estão investindo na cadeia produtiva da soja brasileira, principalmente para garantir o fornecimento do país que é o maior importador mundial do grão.
Contrariando os ''temores'' com a queda do dólar, diante da alta no preço dos produtos básicos, principalmente soja e ferro, no primeiro trimestre deste ano as vendas do Brasil para o exterior chegaram ao valor inédito de US$ 51,2bi, o que representa um aumento de 28,5% na comparação com o mesmo período de 2010.
- A BMFBovespa subiu 3,7%, ''animada'' com a noticia de que a norte-americana Nasdaq fez uma proposta de US$ 11,3bi para comprar a Bolsa de Valores de NY.
Alfredo Sequeira Filho