R.B. 1/OUT/09 ''Moral externa''

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R.B.

"Moral externa"

São Paulo, 1 de outubro de 2009 (QUINTA-FEIRA).
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Mercados:

HOJE
- A BOVESPA deve cair, provavelmente realizando lucros durante todo mês de OUT/09 após acumular uma valorização de 63,8% no ano e de 8,9% em SET/09, influenciada negativamente (1) pelo grande volume de IPOs, que leva os investidores venderem papéis do índice para comprar os lançamentos, (2) pelo ''temor'' de medidas nos EUA e Europa que eventualmente possam reduzir a liquidez do sistema e (3) pela provável divulgação de resultados abaixo do esperado de empresas norte-americanas no terceiro trimestre.
- O DÓLAR pode subir, em um ''ajuste técnico'' após recuar -6,2% em SET/09 e -24,1% nos 9 primeiros meses de 2009, porem deve-se ressaltar que em SET/09 a tendência permanece de baixa, principalmente devido ao provável aumento do fluxo de recursos externos por conta dos novos lançamentos de ações no mercado brasileiro e de captações no mercado global.

ONTEM
- BOVESPA 0,5%, abriu em alta e, em um pregão marcado pela volatilidade, com mínima de -0,4% e máxima de 1,1%, e bom volume de negócios (R$ 6,1bi), fechou em território positivo, na ''contra-mão'' das perdas nas bolsas de NY, diante das bolsas perspectivas para a economia brasileira.
- DÓLAR -1,2% à R$ 1,77, já abriu em queda e, indiferente aos momentos de instabilidade na Bovespa e aos leilões de compra do BC, manteve a trajetória descendente ao longo de todo pregão, para fechar no menor patamar desde 8/SET/08, diante do ''crescente e constante'' fluxo positivo de recursos externos.
- Na ÁSIA, sem uma tendência única, JAPÃO 0,3%, com os ganhos nos papéis dos bancos compensando as perdas do setor imobiliário, CHINA 0,9%, revertendo 3 dias seguidos de perdas, diante das ''apostas'' de que as companhias domésticas irão apresentar fortes lucros no terceiro trimestre e dos ''rumores'' de que os bancos locais podem ter feito mais empréstimos em SET/09 do que em AGO/09 e CORÉIA -1,0%, pressionada pelas fortes baixas nas ações dos estaleiros, como Hyundai Heavy Industries (-9,6%), Daewoo Shipbuilding (-9,5%) e STX (-7,9%).
- Na EUROPA, revertendo uma abertura positiva, INGLATERRA -0,5% (4,6% em SET/09 e 20,8% no terceiro trimestre), FRANÇA -0,5% (2,8% em SET/09 e 20,8% no terceiro trimestre) e ALEMANHA -0,7% (2,9% em SET/09 e 18,0% no terceiro trimestre), seguindo as perdas das bolsas de NY e pressionadas pelo forte declínio de papéis dos setores bancário e de mineração, que aliás acumularam ganhos acentuados no terceiro trimestre.
- Nos EUA, ainda realizando lucros recentes, já que no terceiro trimestre deste ano o DJ acumulou a maior alta (15,0%) desde o quarto trimestre de 1998, S&P -0,3%, DJ -0,3% e NASDAQ -0,1%, pressionadas por uma surpreendente contração no índice de atividade empresarial do Meio-Oeste do país, porem com compras de papéis de importantes companhias de tecnologia limitando as perdas do dia.
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Economia:

Ressaltando que a turbulência externa ainda não terminou por completo, Meirelles, presidente do BC, afirmou que o Brasil precisa consolidar seu crescimento sustentável para continuar o processo de saída da crise financeira internacional.

Após anunciar que, diante do forte empurrão dado pela Ásia e os sinais positivos no resto do planeta, a recessão mundial chegou ao fim, o FMI ''avisou'' que em 2010 a América Latina crescerá 2,9%, impulsionada principalmente pela economia brasileira que, diante da recuperação da sua produção industrial, crescerá 3,5%.

Aproveitando-se da sua elevada ''moral externa'', que aliás recentemente foi ''turbinada'' pela ultima elevação da sua ''nota'' pela Moody's, ontem o Brasil captou US$ 1,25bi com a emissão de títulos com vencimento em 2041, isto pagando a taxa de juros de 5,80% ao ano, a taxa mais baixa para títulos com esse prazo e a segunda mais baixa da história.

Diante da desaceleração da economia e principalmente das reduções e desonerações tributárias feitas pelo governo, nos oito primeiros meses de 2009 a economia da União, dos Estados e dos municípios para pagar os juros da dívida pública, que é conhecida como superávit primário, ficou em R$ 43,4bi, o que é -57,7% menor que no mesmo período de 2008 e representa o pior resultado para o período desde 2002.

Dando novos sinais de recuperação da economia interna, (1) a taxa de desemprego brasileira caiu de 15% em JUL/09 para 14,6% em AGO/09, (2) nos 8 primeiros meses deste ano os desembolsos do BNDES atingiram R$ 84,2bi, o que representa uma alta de 59,0% na comparação com o mesmo período de 2008 e é um novo recorde histórico para o período e (3) em SET/09 o índice de expectativa para a produção da indústria ficou em 139,2pts, o que representa o maior patamar desde ABR/91.
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Política:

Indicando que seu ''sonho'' e mesmo disputar a presidência da Republica, ou como cabeça de chapa ou como vice de Dilma, Meirelles, momentos após assinar sua ficha de filiação ao PMDB, descartou veementemente a possibilidade de concorrer ao governo de Goiás.

Apesar dos tenros 41 anos, de ter advogado para o PT, de não ter mestrado ou doutorado e de ter sido reprovado em 2 concursos públicos, José Antônio Dias Toffoli, indicado por Lula para assumir uma vaga de ministro do STF, foi aprovado pelos ''nobres'' senadores por 58 votos favoráveis, 9 contrários e 3 abstenções.

Engrossando as fileiras de um partido que, pelo andar da carruagem, será um dos grandes vencedores das eleições de 2010, Guilherme Leal, presidente da Natura, se filiou ontem ao PV, acompanhado de um grupo de outros empresários, e não descartou a possibilidade de ser candidato a vice na chapa da senadora Marina Silva em 2010.

Como não encontrou espaço no PSDB, no PMDB, no PV e no PR e continua ''sonhando'' em disputar o governo de SP, o que certamente será uma perda de tempo e de dinheiro, Paulo Skaf, presidente da FIESP, assinou ontem a ficha de filiação ao PSB.
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Crítica:

Apesar dos avanços notórios na redução da desigualdade de renda no Brasil, que aliás ainda escandaliza, a concentração no uso da terra impressiona ainda mais e, apesar das promessas de campanha de Lula, piorou nos últimos 10 anos, já que segundo o Censo Agropecuário atualmente o Índice de Gini do uso do solo no Brasil é de 0,872, muito próximo de 1, o que indicaria o nível máximo de concentração, ante 0,856 em 1996.
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PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho
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