R.B.
"Achando graça"
São Paulo, 23 de maio de 2012 (QUARTA-FEIRA).
HOJE
- A BOVESPA pode voltar a cair, ampliando as perdas acumuladas no mês (-11,1%) e no ano (-3,1%), porem deve-se ressaltar que o patamar segue interessante para investidores de médio e longo prazo, principalmente diante das expectativas de novos cortes da Selic.
- O DÓLAR pode seguir em alta, mesmo após fechar o pregão anterior no maior patamar desde 15/MAI/12, provavelmente ''testando'' a resistência dos R$ 2,10, diante da piora do ''humor'' externo e da inércia do BC, que ao que tudo indica ainda não acredita na pressão inflacionária que esta alta pode causar.
ONTEM
- BOVESPA -2,7%, já abriu em queda e, devolvendo quase toda a valorização acumulada no pregão anterior, manteve a trajetória descendente ao longo de todo a sessão, com bom volume de negócios (R$ 7,4bi) e prejudicada por declarações de Lucas Papademos, ex-primeiro-ministro grego, de que o risco de a Grécia deixar a zona do euro é real e que o país já está se preparando para essa possibilidade.
- DÓLAR 1,7% à R$ 2,08, já abriu em alta e, mesmo com duas atuações do BC na ponta vendedora, manteve a trajetória ascendente ao longo de todo pregão, pressionado no final do pregão pela piora do cenário externo.
- Na ÁSIA, recuperando parte das perdas dos pregões anteriores, JAPÃO 1,1%, CORÉIA 1,3% e CHINA 1,1%, com investidores em busca de ações baratas após as quedas na semana passada para as mínimas de 2012, diante da ''esperança'' de que a Europa adote novas ações para combater a crise da dívida e promover o crescimento e do anuncio de que o governo de Pequim vai ampliar o investimento em infraestrutura para combater a desaceleração do crescimento.
- Na EUROPA, fechando com as maiores altas diárias dos últimos 30 dias, INGLATERRA 1,9%, FRANÇA 1,9% e ALEMANHA 1,6%, também impulsionadas por expectativas de que o continente e a China adotem medidas para promover o crescimento econômico, embora incertezas políticas ainda persistam entre os investidores.
- Nos EUA, fechando próximas à estabilidade, já que devolveram no final do pregão a valorização registrada na abertura, S&P 0,1%, DJ -0,1% e NASDAQ -0,2%, com as performances fracas nos setores de matérias-primas e energético compensando o forte desempenho do setor financeiro.
Após Mantega, ministro da Fazenda, afirmar que a projeção oficial de crescimento da economia brasileira pode ser reduzida de 4,5% para 4% neste ano, Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, ''garantiu'' que o governo trabalha para que o PIB brasileiro cresça acima do esperado para a média mundial em 2012 (entre 2,5% e 3%).
Acusado de estimular perigosamente o endividamento da população brasileira, Mantega, ministro da Fazenda, afirmou ontem que o governo estuda medidas para reduzir a inadimplência no pagamento de empréstimos no país.
Dando mais 2 sinais positivos da economia brasileira, (1) a indústria brasileira de cartões fechou o primeiro trimestre com faturamento 23% superior ao registrado no mesmo período de 2011, (2) em ABR/12 a arrecadação federal somou R$ 92,6bi, o que representa o melhor resultado para o mês, o segundo melhor do ano e uma alta de 3,49% na comparação com ABR/11 e (3) em MAI/12 o índice de intenção de consumo subiu 4,8% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Estimulando, segundo alguns analistas perigosamente, o endividamento da população brasileira, ontem o Conselho Nacional de Previdência Social reduziu, de 2,34% para 2,14%, o teto das taxas máximas que podem ser cobradas no crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS.
Depois de ''avisar'' que somente em 2015 ''alguns'' de seus sócios começarão a receber dividendos, Eike Batista afirmou que está ''achando graça'' da desvalorização do real que, apesar de certamente causar uma pressão inflacionária no Brasil, trará mais receitas para uma fatia significativa de seus negócios, focados em commodities.
Já influenciado pela alta do dólar, o IPCA-15 de MAI/12 ficou em 0,51%, ante 0,43% registrado em ABR/12, acumulando com isto uma alta de 2,39% no ano, patamar ainda abaixo do resultado de igual período de 2011 (3,86%), e de 5,05% nos últimos 12 meses, também ainda abaixo dos 12 meses anteriores (5,25%).
- A PDG caiu -11,3%, a Gafisa recuou -9,9% e a Rossi baixou -9,3%, já que no pacote de medidas de estímulo à economia o governo Dilma só se ''lembrou'' do setor automotivo.
Alfredo Sequeira Filho